Dr. Ronaldo Laranjeira afirma que níveis de consumo em países que reprimem menos é maior.
Assista: Tal afirmação foi feita pelo Dr. Laranjeira quando questionado sobre a relação do aumento de usuários de maconha e o uso de políticas mais liberais como é o caso da Holanda e países como Portugal.
De acordo com a lógica do Dr. Laranjeira, quanto mais acessível é a droga maior será o número de usuários dessa substância. Porém, não é essa a realidade que os números nos apresentam.
De acordo com o Centro de Monitoração Européia de Drogas e Adição (EMCDDA- http://www.emcdda.europa.eu/ ) em pesquisa realizada em 2010, os níveis de consumo de maconha e haxixe na Holanda é um dos menores da União Européia tendo uma proporção de usuários de drogas leves (uma vez por mês) de 9,5% da população. Comparando com países como Reino Unido (13,8%), Alemanha (11,9%), República Tcheca (19,3%), Dinamarca (13,3%), França (16,7%), Slovakia (14,7%) e Itália (20.9%) -- onde a droga é totalmente ilegal e o acesso é somente através do mercado negro.
Já comparando os dados de EUA e Holanda também notamos que o consumo de Cannabis em solo norte-americano tende a ser mais alto do que nos Países Baixos, como demonstrado no estudo realizado em 1998-1997
Fonte Dados EUA - US Department of Health and Human Services, Substance Abuse and Mental Health Services Administration, National Household Survey on Drug Abuse: Main Findings 1998 (Washington, DC: US Department of Health and Human Services, March 2000), pp. 18, 24.
Fonte Dados Holanda - Abraham, Manja D., Cohen, Peter D.A., van Til, Roelf-Jan, and de Winter, Marielle A.L., University of Amsterdam, Centre for Drug Research, Licit and Illicit Drug Use in the Netherlands, 1997 (Amsterdam: University of Amsterdam, September 1999), pp. 39, 45.
E essas mesmas fontes nos passam outros dados alarmantes: O número de mortes ligadas a drogas na Holanda são, juntamente com outros 5 países, os menores da União Européia. Só para ter alguns dados comparativos. São 2.4 mortes relacionadas a drogas a cada milhão de habitantes (na frança esse numero salta para 9.4, na Alemanha 20, na Suécia 23.5).
Ou seja, a política mais repressiva da Europa é a que gera mais mortes relacionadas a drogas, o mesmo estilo de política que o Dr. Laranjeira apóia que seja utilizado no Brasil.Deve-se entender que apoiar a manutenção do proibicionismo é apoiar as mesmas estratégias de combate às drogas que vem sendo utilizadas há mais de 100 anos sem nenhum resultado; a proibição baseada no enfrentamento bélico não é e nunca vai ser a solução do problemas das drogas. Devemos direcionar todo o montante que atualmente é empregado na guerra às drogas ao sistema público de saúde, apenas assim teremos uma visão mais humana e saudável tanto sobre o usuário problemático de drogas como um maior respeito às liberdades individuais.
Analisando os dados apresentados acima pode-se afirmar que os países que possuem políticas de drogas mais repressivas tendem a ter um maior número de usuários (França com 16,7% de usuários e EUA com 33%) se comparado a países onde as leis relacionadas às drogas tendem a ser mais liberais como é o caso da Holanda (9,5% de usuários).
Dessa maneira, pode-se afirmar que a conclusão do Dr Laranjeiras não possui comprometimento com a realidade, uma vez que os números demonstram de forma clara que o status ilegal de uma substância não afeta os níveis de consumo.