sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Cracolândia, um exemplo de descriminalização? Anti-lobby 04#

                A seguinte sentença é utilizada no vídeo que segue:
                “Uma grande experiência que nós temos de descriminalização,  que é passear na cracolândia. As cracolandias no Brasil são experiências de descriminalização”.

                É importante lembrar que do ponto de vista da legislação brasileira a afirmação acima dita pelo Dr. Ronaldo Laranjeira é falsa. O consumo de qualquer droga com status ilegal ainda é visto como crime pela lei 11.343. 
                Vale ressaltar que embora a lei de drogas tenha sido modificada em 2006, as interpretações ainda são muito dúbias e tendem a discriminar o usuário por classe social, assim um usuário que more em área de baixa renda pode ser visto como traficante por algum delegado enquanto o usuário de alguma zona nobre é visto como apenas um consumidor.  Embora os avanços da lei 11.343 separando a imagem de usuário e traficante sejam relevantes, muitos são os casos de usuários que foram presos pela interpretação errônea por parte do delegado, e que acabam ficando enclausurados como traficantes.
                Novamente apontamos para o fato do Dr. Laranjeira, um agente de saúde, afirmar que as cracolândias são um exemplo de descriminalização. Como já citamos no texto "Descriminalização portuguesa é exemplo mundial", a pura e simples descriminalização certamente não gera os efeitos desejados de diminuição do consumo, porém através da descriminalização juntamente com um sistema unificado de saúde que tenha real preocupação com os problemas dos dependentes problemáticos de droga, pode sim auxiliar na melhora da qualidade de vida, tanto do coletivo como do próprio usuário, reduzindo os níveis de consumo.
                Afirmar que a abordagem utilizada nos dias de hoje é um exemplo de descriminalização, é negar o fato de que os usuários necessitam de agentes de saúde para melhorarem seus quadros psicológicos e físicos, pois dificilmente encontramos planos de tratamentos públicos a usuários de crack. Os usuários estão entregues à própria sorte.
                Se Ronaldo Laranjeira afirma que o modelo de descriminalização são as cracolândias, então não veríamos imagens da força policial cumprindo seu “dever” de combater as drogas e os usuários de drogas, assim que, uma vez a droga descriminalizada, o aparato policial apenas serviria de ajuda para os agentes de saúde que tentam auxiliar os usuários.
                Portanto, após a afirmação por parte do Dr. Laranjeira sobre as cracolândias, podemos afirmar que o modelo sugerido de descriminalização conhecido pelo mesmo se retrata no vídeo abaixo:  

                Fica a pergunta. Existe real interesse com a saúde dos usuários de crack? Como que profissionais da saúde, como o Dr. Ronaldo Laranjeira, afirmam que esse é um modelo de descriminalização se não existe nenhum agente de saúde, tanto do setor público como privado, para ajudarem esses usuários? Onde está a real preocupação com tratamento e inserção desses indivíduos na sociedade ?
                Muitas pessoas tendem a receber as notícias de usuários de crack com certa emoção negativa, acreditando que eles mesmos escolheram esse caminho. Porém, qualquer agente de saúde deve prezar pela vida e pela melhora nos quadros clínicos de usuários de drogas. Se o Dr. Ronaldo Laranjeira acredita que esse é um modelo de descriminalização, por que não utiliza de seu poder e a estrutura de sua clínica de reabilitação para abrir as portas para esses usuários?
                Os autores do blog acreditam que a visão do Dr. Laranjeira é extremamente limitada quando o assunto é saúde de usuários de drogas, pois se o modelo acima é um exemplo de descriminalização fica claro que o Dr. Laranjeira desconhece as alternativas de redução de danos implementadas em países europeus, em especial, Portugal.
                Podemos afirmar que o Dr Laranjeira é a favor do sistema bélico de enfrentamento. Tal afirmação pode ser feita uma vez que o mesmo apóia e defende a manutenção das atuais políticas pública sobre drogas focadas na repressão armada ao consumo e ao tráfico de drogas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Absurdo o Laranjeiras falar que o caos da cracolândia é um exemplo de discriminalização. Pergunta para um viciado em crack como um policial reage com ele.
E um doutor utilizar a expressão semi-legalização é doze né!?
Deve ter feito faculdade em um porão na Argentina

Anônimo disse...

Se fosse na Argentina estariamos muito melhor, vide que a situação lá está muito melhor do que no Brasil.

Anônimo disse...

calado vc e um poeta...fik a dica

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