quinta-feira, 28 de julho de 2011

Repressão X Redução de consumo - Anti-lobby 02#

                Dr. Ronaldo Laranjeira afirma que níveis de consumo em países que reprimem menos é maior.
Assista:

                Tal afirmação foi feita pelo Dr. Laranjeira quando questionado sobre a relação do aumento de usuários de maconha e o uso de políticas mais liberais como é o caso da Holanda e países como Portugal.
                 De acordo com a lógica do Dr. Laranjeira, quanto mais acessível é a droga maior será o número de usuários dessa substância. Porém, não é essa a realidade que os números nos apresentam.
              De acordo com o Centro de Monitoração Européia de Drogas e Adição (EMCDDA- http://www.emcdda.europa.eu/ ) em pesquisa realizada em 2010, os níveis de consumo de maconha e haxixe na Holanda é um dos menores da União Européia tendo uma proporção de usuários de drogas leves (uma vez por mês) de 9,5% da população. Comparando com países como Reino Unido (13,8%), Alemanha (11,9%), República Tcheca (19,3%), Dinamarca (13,3%), França (16,7%), Slovakia (14,7%) e Itália (20.9%) -- onde a droga é totalmente ilegal e o acesso é somente através do mercado negro.
                Já comparando os dados de EUA e Holanda também notamos que o consumo de Cannabis em solo norte-americano tende a ser mais alto do que nos Países Baixos, como demonstrado no estudo realizado em 1998-1997
Fonte Dados EUA - US Department of Health and Human Services, Substance Abuse and Mental Health Services Administration, National Household Survey on Drug Abuse: Main Findings 1998 (Washington, DC: US Department of Health and Human Services, March 2000), pp. 18, 24.
Fonte Dados Holanda - Abraham, Manja D., Cohen, Peter D.A., van Til, Roelf-Jan, and de Winter, Marielle A.L., University of Amsterdam, Centre for Drug Research, Licit and Illicit Drug Use in the Netherlands, 1997 (Amsterdam: University of Amsterdam, September 1999), pp. 39, 45.
E essas mesmas fontes nos passam outros dados alarmantes: O número de mortes ligadas a drogas na Holanda são, juntamente com outros 5 países, os menores da União Européia. Só para ter alguns dados comparativos. São 2.4 mortes relacionadas a drogas a cada milhão de habitantes (na frança esse numero salta para 9.4, na Alemanha 20, na Suécia 23.5).
Ou seja, a política mais repressiva da Europa é a que gera mais mortes relacionadas a drogas, o mesmo estilo de política que o Dr. Laranjeira apóia que seja utilizado no Brasil.Deve-se entender que apoiar a manutenção do proibicionismo é apoiar as mesmas estratégias de combate às drogas que vem sendo utilizadas há mais de 100 anos sem nenhum resultado; a proibição baseada no enfrentamento bélico não é e nunca vai ser a solução do problemas das drogas. Devemos direcionar todo o montante que atualmente é empregado na guerra às drogas ao sistema público de saúde, apenas assim teremos uma visão mais humana e saudável tanto sobre o usuário problemático de drogas como um maior respeito às liberdades individuais.
Analisando os dados apresentados acima pode-se afirmar que os países que possuem políticas de drogas mais repressivas tendem a ter um maior número de usuários (França com 16,7% de usuários e EUA com 33%) se comparado a países onde as leis relacionadas às drogas tendem a ser mais liberais como é o caso da Holanda (9,5% de usuários).
Dessa maneira, pode-se afirmar que a conclusão do Dr Laranjeiras não possui comprometimento com a realidade, uma vez que os números demonstram de forma clara que o status ilegal de uma substância não afeta os níveis de consumo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Psicose em adolescentes - Dados científicos concretos ou informação deturpada? - Anti-lobby 01#

                Dr. Ronaldo Laranjeira, em debate no programa "Entre Aspas" da Globo News:


Diante de tal afirmação viemos, por meio deste, através do nosso direito de resposta, questionar os critérios e métodos que estão sendo utilizados nas pesquisas e experiências que relacionam o consumo da Cannabis ao aparecimento ou intensificação de psicose nos usuários.

             Não pretendemos levar em conta a predisposição, já que esse fator de certa forma foge do raciocínio de que a causa vem da substancia; ou seja, as pesquisas não consideram fatores genéticos, comportamentais (traumáticos) e o consumo de outras substancias licitas e ilicitas (alcool, nicotina, cafeina etc). Isso pode ser entendido como uma falha, intencional ou não, vamos dar continuidade na mesma falha propositalmente.

             Direcionando o foco no uso, o questionamento vem pra elucidar em que condições essa experiência nos trouxe os dados atuais divulgados na imprensa. Esses usuários que participaram da pesquisa estavam consumindo de que forma a substancia? Ela era fumada, inalada, ingerida etc.? E uma segunda questão mais relevante: qual era a procedência da Cannabis utilizada na experiência? Qual era a variação da espécie: Sativa, Indica? A planta foi colhida em que estágio do crescimento? Foram utilizadas as folhas, os galhos, as flores? Qual o gênero da planta, macho ou fêmea? A planta passou pelo processo de cura?

             Sintetizando o parágrafo anterior: os grupos que participaram dessa pesquisa estavam fumando Cannabis do mercado negro? Prensada, colhida prematuramente, sem qualquer cuidado com a conservação e o transporte.

             Precisamos estar a par de cada detalhe da pesquisa que é de extrema importância para a sociedade brasileira que esta assustada com os resultados desse estudo.
            
 Podemos considerar válidos os resultados das pesquisas do Dr. Laranjeira e outros profissionais da área? A não ser que eles esclareçam essas lacunas, as pesquisas realizadas por esses profissionais só reforçam o argumento de que o que faz mal não é a substancia em si e sim sua proibição: traficantes visam o lucro e aproveitam da falta de controle da qualidade.

             Tal afirmação foi feita no debate quando levantou-se os potenciais danos que a maconha poderia causar caso fosse legalizada. É importante ressaltar que de acordo com Renato Malcher Neurocientista professor da Unb em debate realizado pela Folha de SP (
http://vai.la/1vSH) existem 2 componentes principais na farmacologia da maconha que são THC e o CBD.
           
 Renato Malcher afirma que o THC pode ser considerado uma das substâncias que pode propiciar a manifestação de surtos psicóticos em indivíduos que já tenham essa predisposição. Porém, o CBD possui efeito exatamente contrário agindo no organismo humano como anti-psicótico. Nesse cenário é importante ressaltar que uma vez que a droga está proibida é impossível ter um controle sobre a farmacologia dessa substância, pois, o mercado negro não tem nenhum comprometimento com a qualidade do produto e com certificados de garantias de controle de produção, com isso, muitos usuários de Cannabis que podem ter predisposição para sofrerem um surto psicótico poderiam diminuir esse risco através do consumo de maconha com maiores níveis de CBD do que de THC.

             Com a legalização da maconha haveria a possibilidade de fornecer aos usuários uma substância com níveis estabelecidos de THC e CBD como forma de diminuir possíveis transtornos psiquiátricos que os usuários possam vir a desenvolver. Assim como hoje em dia são vendidos bebidas que possuem diferentes porcentagens de álcool, como a vodka e a cerveja, com a legalização da maconha haveria a possibilidade de regulamentar os níveis de cannabinóides de forma a não causar maiores problemas aos seus usuários. APENAS com a legalização é possível fornecer saúde de qualidade e preventiva aos usuários de Cannabis Sativa.

 
Design by Wordpress Theme | Bloggerized by Free Blogger Templates | coupon codes